eis mais uma edição da Rádio Escola no Ar! Como dissemos em posts anteriores, nóis do Vice Verso estamos em férias, mas não fomos pra Cuba não. Numa outra ilha, a de Vitória, exatamente no Bairro Bonfim, uma certa malemolência radiofônica tem sido aperfeiçoada em adolescentes e crianças da EMF Prezideu Amorim. No episódio de hoje, detalhes das oficinas de Teatro e de Sonoplastia, ministradaspor Elvira Broetto -a nossa moça do design.
Para início de conversa, alongamento. Perder a timidez para falar no rádio com desenvoltura não é nada fácil, necessário é descolonizar o corpo do modelo comportamental "padrão", abrir o microfone e deixar as ideias fluírem. Já sabendo a timidez dxs adolescentes, Elvira propôs atividades para desenferrujar o esqueleto da moçada.
A empolgação criou asas, literariamente...
Confiram abaixo, o que ela achou desse encontro:
A proposta da oficina com os adolescentes era deixá-los menos tímidos, trabalhar a improvisação e linguagem coletiva entre eles. O grupo me recebeu super bem, conversamos no início e nos apresentamos, expliquei um pouco o trabalho que venho desempenhando na Rádio Universitária e também os caminhos que percorri nas experiências com teatro e música.
Nos alongamos e aquecemos com dinâmicas corporais que trabalharam a velocidade, concentração e coordenação. Usei o jogo de bolinhas para o aquecimento. Eles participaram, inicialmente tímidos, das atividades que propus e aos poucos se soltaram de tal maneira que pude crer que o trabalho havia sido positivo.
O grupo estava mais solto e relaxado ao fim, desempenharam muitas atividades com improvisação na fala, corpo e principalmente criação e interpretação de personagens.
Achei muito produtivo, além de divertido.
Ao centro, Elvira Broetto. (Esqu.) Luiza, Ademir, Nicole, Daniela Duana e Mariana.
Após a vivência, eles foram à sala da rádio passar o roteiro e se apresentar no intervalo do turno. Conversando com a Jamilla e a Duana, percebi que estavam bem tranquilos na execução do plano do "recreio", e acredito que um pouco disso deve-se à oficina, que os deixou mais soltos, menos travados.
Sobre a Oficina de Sonoplastia com o 5º ano...
Da caixa mágica musical de Elvira, saíram vários brinquedinhos de sonoplastia.
Uma oficina em que fazer barulho não é problema, muito pelo contrário. Perceber, pensar e reproduzir os sons ao redor com o que se tem à mão, ou com o que a mão pode inventar. Assim, damos os primeiros passos rumo à sensibilização quanto as potencialidades sonoras do texto literário, no nosso caso, o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
Abaixo, Elvira Broetto contando cumequifoi esse encontro:
A proposta da oficinafoi identificar as diversas formas de produzir sons para compor narrativas radiofônicas e introduzi-los no universo da sonoplastia.
O roteiro dessa ação foi construído para abordar as seguintes questões:
O que é a sonoplastia e o que faz um sonoplasta?
Como era feita antigamente, e ainda hoje, a composição de trilha.
Sonoplastia vocal e corporal Apresentação da performance Carcará, da banda “Barbatuques”
e também os diferentes sons que podem ser produzidos com o corpo/voz, como nestes vídeos:
Na sequência, uma prática em conjunto.
Sonoplastia com objetos Apresentação de alguns instrumentos/materiais/objetos e identificação dos sons produzidos por esses materiais;
Prática em conjunto.
Dinâmica de percepção do som e possibilidades Leitura do Ato nº 1 do Auto da Compadecida (identificar as diversas formas de produzir sons para compor as narrativas das histórias).
As crianças participaram bastante da oficina, desde a parte em que vimos os vídeos (inclusive, pediram para passar novamente) até a experimentação de sons (corporal, vocal e com objetos).
Fiz algumas brincadeiras com eles, expliquei e incentivei o uso dos sons. Batucando no corpo, buscamos os diferentes tipos de som e mostramos, um a um, algum som diferente.
A experimentação com os objetos foi bem divertida, claro, as crianças estavam em estado de curiosidade e querendo mais e mais. Por isso, precisamos algumas vezes pedir silêncio para dar continuidade. Imaginei, desde o início, que alguma zorra se formaria.
Bagunça formada na oficina de Sonoplastia
Por fim, pensamos em algumas soluções sonoras aplicadas no texto do Auto, alguns alunos não participaram, mas dei continuidade aos que estavam participando.
O ciclo de oficinas segue a todo vapor na Prezideu Amorim! Nesta edição, recebemos com muita alegria Aline Maria, cantora e integrante do Vice Verso, vindo nos dar uma palinha sobre Orientação Vocal. Durante a feitura do nosso planejamento, conversamos com ela sobre as dificuldades de leitura oral da garotada; e foi a partir desse diagnóstico que conduziu carinhosamente o encontro a seguir.
Aline Maria ensinando a projetar a voz.
As crianças do 5º ano foram ajudadas por ela na leitura do Auto da Compadecida, obra teatral de Ariano Suassuna. E ainda pegou o violão para fechar com graça!
Não poderíamos perder a oportunidade de pedir uma música, né?
Abaixo vocês podem conferir as impressões de Aline Maria sobre essa encontro a moçada da nossa rádio poéticoliterariaexperimental . Boa leitura!
Introduzi a
breve oficina questionando a turma sobre o que era a voz e como ela era
produzida no corpo, a fim de despertar a imaginação e o conhecimento do próprio
aparelho. A turma interagiu com respostas diversas, todas elas pertinentes e
apropriadas, como: “a voz é aquilo que a gente usa para falar”, mas o lugar
onde eu almejava chegar era na relação imprescindível entre o aparelho
respiratório e o aparelho vocal. Então expliquei aos jovens que a voz nada mais
era que o ar que nós respiramos transformado, porém, em som. E que, portanto,
para obter qualidade vocal era preciso buscar, antes, a qualidade respiratória.
A partir deste entendimento, progredimos para a prática.
Apontei a
respiração que comumente as pessoas desenvolvem ao longo da vida, que é
prejudicial não só ao bom funcionamento da voz, como ao bom funcionamento do
corpo: a respiração pulmonar. Pois, embora saibamos que o ar dirige-se
inevitavelmente para os pulmões, não é a região pulmonar que devemos expandir
para receber a respiração, isso é uma falsa impressão. Devemos, pois, expandir
a região torácica com o auxilio da musculatura abdominal. Essa respiração, quando desmistificada e
praticada, libera espaço para a administração de uma quantidade maior de
oxigênio que viabiliza maior possibilidade de uso e potência da voz. Feito
isso, praticamos alguns exercícios básicos de aquecimento respiratório e
seguimos com exercícios voltados para os demais segmentos da técnica vocal,
como aquecimento das cordas – com escalas melódicas básicas; articulação
(movimento dos lábios, expressão facial e parte interna da boca, sobretudo a
língua) e projeção vocal (direcionamento e intensificação da voz).
Aplicamos, em
seguida, no exercício de leitura do roteiro do programa que os próprios alunos
estão construindo. Já pude ali notar diferenças relevantes na colocação vocal
de cada um. As noções de respiração, em comunhão com as noções de pontuação
textual, permitem ao leitor uma apresentação mais dinâmica do texto, sem
ansiedade (qualidade comum dos adolescentes). Dessa forma, os alunos puderam
experimentar uma leitura mais articulada, onde
cada voz tem seu espaço de atuação que deve ser bem utilizado ao máximo. Já com o 5º ano...
Uma conversa inicial sobre aquecimento vocal
Com as
crianças introduzi de forma similar. Desde o princípio, porém, dadas as
diferenças de recepção e raciocínio, a metodologia utilizada foi outra.
Perguntei a
elas o que se entendia por voz; liguei o conhecimento da voz ao conhecimento da
respiração e destaquei a importância de se compreender nosso aparelho vocal
como um instrumento – igual a outros instrumentos musicais. Como instrumento, o
aparelho vocal exige cuidados e precauções: “Nossas cordas vocais são tão
sensíveis quanto às cordas de um violão”, expliquei. Igualmente importante foi
destacar as razões pelas quais se deve aquecer a voz antes de qualquer trabalho
vocal. Usei o ofício do professor como exemplo e aproveitei pra explicar como
pode ser prejudicial para a voz dos professores quando não há silêncio enquanto
ele ensina. Relacionei o aquecimento vocal ao aquecimento do atleta, antes de
entrar em campo, utilizando a metáfora do aviso: “O atleta, quando dá os seus
pulinhos e corridinhas leves e constantes, ele está acelerando a circulação do
sangue pra avisar ao corpo que o trabalho vai começar, para não pegar o corpo
de surpresa”.
A prática do
aquecimento vocal, no entanto, não teve muita relevância na oficina, uma vez
que as crianças se escondem atrás de um falso constrangimento automático para
não querer se expor. Fiz apenas uma dinâmica de escala melódica para iniciarmos
a leitura do texto dramático “Auto da Compadecida”.
A princípio as
crianças estavam, quase que em sua maioria, indispostas para a leitura (creio
que em função de, neste dia, a escola havia saído mais cedo e eles permaneceram
para a oficina). Sentamos no chão em círculo e iniciamos a leitura e, com o
tempo, elas foram se soltando. Um detalhe que auxiliou bastante a leitura das
crianças foram as intervenções das instrutoras na atuação da leitura (a
coordenadora do projeto Jamilla e eu). Melhor do que explicando sobre
articulação ou projeção de voz, quando líamos com vigor à nossa maneira, as
crianças sentiam-se estimuladas a se empenhar mais na própria leitura. Não foi
possível, portanto, desenvolver conceitos de técnica vocal com as crianças, uma
vez que o desafio maior das crianças é vencer a timidez e desbravar o mundo da
leitura. Ao final de nossa prática, todas as crianças envolvidas já estavam
mais familiarizadas com a leitura, por sua vez mais dinâmica.
Ao final,
cantei duas canções no violão, para descontrair, e foi um momento muito
delicado e agradável. As crianças ouviram com atenção e cantaram junto.
Ambas as
oficinas foram experiências muito ricas e, apesar da dispersão natural da
idade, as crianças demonstraram interesse de aprender e melhorar a própria
atuação. Foi muito gratificante.
No mês de julho, o Vice Verso está em férias da 104.7, mas continuamos na Rádio Escola no Ar compartilhando saberes com a moçada da EMF Prezideu Amorim. A Oficina de Vídeo foi a primeira num ciclo de 9 encontros, cujo objetivo é empoderar ságalera no trato com alguns brinquedinhos tecnológicos & sonorocorporais.
Iuri Galindo, oficineiro de vídeo, Ademir, Nicole e Daniela.
Iuri Galindo, o rapaz do audiovisual, trabalhou alguns conceitos básicos na tentativa de os adolescentes possam utilizar os celulares na produção de vídeos. Ainda conversaram sobre resolução de imagens, razão, frame rate e algumas noções de fotografia.
Após um papo teórico, xs adolescentes saíram pela escola aplicando esses saberes na prática
Celulares apontados para o mundo, hora de transformar teoria em prática! Assim, saíram pelo pátio registrando o cotidiano escolar. Já na oficina com a crianças, Iuri filmou nossa atividade de leitura dramática do Auto da Compadecida, peça teatral em processo de adaptaçãocom as crianças do 5º ano.
Abaixo, confira as impressões do Iuri Galindo após essa experiência:
Uma coisa que sempre achei problemática nas escolas, em geral, é a falta de matérias que incentivem a criatividade das crianças e adolescentes, por isso fiquei muito feliz com o envolvimento de toda a equipe Vice Verso no projeto Radio Escola no Ar.
Para a primeira oficina, tive um pouco de dificuldade em preparar o material de introdução ao assunto, mas o maior desafio foi trabalhar uma linguagem adequada ao público. É um pouco complicado explicar os fundamentos do vídeo porque a maioria dos conceitos técnicos são virtuais, então a melhor forma de compartilhar isso foi criando metáforas e aplicando-as em situações cotidianas.
Logo no primeiro contato com os adoelscentes, pude perceber uma vontade enorme de consumir cultura. Senti durante toda a oficina que todos estavam envolvidos e, mesmo quando houve conversa entre os alunos, consegui aplicar os conhecimentos da matéria - o que me deixou bem feliz, pois pude perceber que eles estavam absorvendo o conteúdo.
A segunda parte da oficina foi prática, sugeri que saíssem com seus celulares pela escola e fizessem um vídeo de um minuto. Nessa hora, consegui passar algumas dicas práticas para melhorar a qualidades das imagens e conhecer um pouco mais do olhar deles para planejar as próximas oficinas.
Na última parte, foi proposto que cada um editasse suas respectivas imagens. Infelizmente, essa etapa não foi realizada porque os computadores da escola não atendem aos requisitos dos softwares de edição de vídeo. Então, tive que finalizar a oficina e liberei os alunos mais cedo.
Ficou uma vontade de fazer mais. Sei que eles têm muito potencial e quero explorar isso. Quero aproveitar as outras oficinas que serão dadas pelos demais integrantes do Vice Verso e fazer uma mini produção audiovisual, distribuindo funções que se adequem a cada personalidade, como: cinegrafista, editor, diretor, diretor de áudio e diretor de fotografia. É um projeto que exige trabalho, mas tenho certeza de que todos os envolvidos se dedicarão para a realização do mesmo.
E depois de tantos encontros sobre a vida e obra do poeta Manuel Bandeira, eis que as crianças entraram no ar pela primeira vez! A euforia foi grande, professores e alunos de ouvidos atentos na hora do recreio para essa que é a primeiras de muitas apresentações. Vida longa à Rádio Escola no Ar!
Abaixo, vocês podem conferir o depoimento da professora Duana Peixoto sobre a autoavaliação dos pequenos após essa primeira performance.
A aula com as crianças começou com um bate papo sobre a primeira apresentação ao vivo que fizeram; foram pontuadas tanto as impressões dos que participaram da apresentação quanto dos que estavam no recreio ouvindo. Aqueles comentaram brevemente suas opiniões, dizendo que gostaram da experiência, demonstraram vontade de retornar em breve e elogiaram o amigo Lucas pela melhora na leitura - ele se apresentou com o poema “Irene no céu”. Tal comentário também foi feito pelos amigos que apenas ouviram e, além disso, questionaram as pausas que soaram para eles como “brancos” . Expliquei que o que pareceu “brancos” , na verdade, ocorreu por causa de problemas técnicas com o microfone e a mesa de som. Aliás, destaco a tranquilidade que tiveram com relação aos improvisos que apareceram durante a apresentação como, por exemplo, microfone falhando, músicas que não rodaram no pen drive, tempo encurtado do roteiro, etc. Após os alunos, as professoras também deram suas opiniões, elogiando bastante o programa e os incentivando a melhora.
Assim, encerramos o roteiro do Manuel Bandeira e seguimos para o próximo assunto: a radionovela Auto da Compadecida.
Dionastan, Ademir, Nicole, Mariana, Daniela e Duana Peixoto - Literalmente, uma turminha do barulho
Se você estava curiosx para conhecer a nossa galera, taí. Sorrisos escancarados e mais uma semana aprendendo a voar nas ondas do rádio. Abaixo, Duana Peixoto fala sobre como foi o 7º encontro com essa galera, literariamente, do barulho!
Esta aula foi organizada para conseguirmos entrar no ar novamente. Os alunos, durante a semana, terminaram o roteiro e nos enviaram por e-mail para já chegarmos na aula com a correção feita, agilizando nosso tempo. Durante a revisão, pontuamos os desvios gramaticais e a necessidade de padronização desse tipo de texto. Além disso, a partir da playlist elaborada por eles, indicamos algumas músicas e artistas que dialogam com as escolhas feitas a fim de ampliarmos o repertório musical dos nossos futuros radialistas.
O encontro começou com uma conversa sobre o nosso próximo roteiro/programa, que será sobre o Tim Maia. Eles levaram na semana passada CDs com alguns discos do Tim, no entanto, somente um aluno escutou. Apesar disso, conversamos um pouco sobre a história, fases da carreira do músico, sobre o funk anos 80/90 e passamos uma atividade de pesquisa biográfica para trazerem na próxima aula. Em seguida, fizemos a releitura do roteiro com as correções, ouvimos as indicações e treinamos a apresentação. Infelizmente, o tempo não foi suficiente para que entrássemos no ar; mas como eles estavam empolgados, combinamos de fazer esse programa piloto no recreio da tarde.
No recreio da tarde...
Ademir e Luiza no comando
Entramos no ar no horário do recreio! Os quatro alunos foram liberados mais cedo das aulas para conseguirem chegar a tempo de passar o roteiro mais uma vez e, como ainda não aprenderam a mexer nos equipamentos, eu que fiquei comandando o som.
Pontuo algumas questões que precisam ser observadas para a próxima vez:
Anotar o tempo das músicas para dar tempo de apresentar todo o programa, já que nesse tivemos que adiantar e quatro músicas ficaram de fora;
voltar a trabalhar a entonação;
preparar o roteiro no computador para não terem problema de compreensão da letra na hora da leitura ao vivo;
além dos casos técnicos, atentar ao tempo de lanche deles na hora do recreio.
A apresentação fluiu muito bem. Apesar do nervosismo da estreia, conseguiram se atentar aos pontos que indicamos durante as aulas; e foi interessante observar como eles avaliaram, depois que desligamos tudo, a forma como cada um se colocou, pontuando principalmente o que devem melhorar. Como uma das alunas disse, “foi muito legal, mas temos que evoluir bastante, treinar mais”.
Sétimo encontro, quase 2 meses de oficinas de rádio na EMF Prezideu Amorim. No post de hoje, falaremos um pouquinho sobre o desenvolvimento do nosso Especial Manuel Bandeira com o 5º ano.
Elxs já chegaram pulando com o roteiro nas mãos! Não importa o tema, topam falar de tudo talvez porque desejem protagonizar no mundo - é a impressão que temos. Quando entramos na sala e somos recebidas com tanto carinho, pensamos no quão importante é não tomá-las como idiotas; o quão importante é levar um papo reto com a gurizada sem reduzi-las a uma linguagem imbecil.
Só para ilustrar o potencial revolucionário dos pequenos, apresentamos abaixo um vídeo que mostra a luta das crianças holandesas, na década de 1970, pelo direito ao espaço urbano, pelo direito de brincar na rua! É uma pena que não esteja traduzido, mas pelas imagens é possível ter uma compreensão geral do fato. Se acreditarmos na capacidade delas e lançarmos mão de textos desafiadores, talvez possamos construir uma abordagem literária que problematize o mundo tal qual ele é, sem máscaras.
Nosso tema agora é Manuel Bandeira e Tim Maia. Daí você nos pergunta o que os dois têm a ver. Nada, é a respostas. Mas, como as crianças estudaram o Tim nas aulas do gênero biografia, resolvemos inclui-lo na playlist e assim manter o diálogo com o currículo escolar. Inclusive, elaboramos um CD com vários vídeos do síndico do Brasil para construção de repertório musical. E foi tão bacana que uma aluna até trouxe um vinil dele para mostrar à turma.
Na aula de hoje, já com o roteiro em mãos, iniciamos uma convivência com os poemas de Manuel Bandeira que serão lidos durante o programa.
Exibimos esta performance de Trem de Ferro a fim de ajudá-los a perceber a relação entre as palavras e os sons, e também para terem uma referência de performance.
Outra coisa super bacana foi a escuta desse poema, na versão der Tom Jobim e Olívia Hime. Pudemos exercitar nossos ouvidos percebendo as relações entre som e sentido, como o piano no ritmo do trem, o jogo de vozes, etc. Eles ficaram atentos e, pouco a pouco, reconheciam essa relação e arriscavam identificar os instrumentos. Acreditamos que é possível despertar nas crianças uma percepção voltada para as potencialidades sonoras do texto, e isso, lá na frente, facilitará a criação de vinhetas e spots pro nosso programa. Outros vídeos que exibimos
Esse vídeo teatralizado ajudou a compreender o contexto de palavras como pneumotórax, hemoptíse e ainda um importante dado biográfico do Bandeira, a tuberculose.
A onda é um poema interessante para explicar as assonâncias e como elas desenham sonoramente as ondas.
Já os dois vídeos abaixo foram mostrados para terem referências de outras crianças lendo poesia.
Atentar para os sons é algo pouco explorado nas aulas de Literatura na educação infantil, mesmo sendo a musicalidade uma forte característica da poesia brasileira. Para Maria Amélia Davi (2013, p.71), o trabalho com a oralidade e com as formas populares frenquentemente não é visto como uma inserção no mundo da literatura. No entanto, ele é imprescindível: não apenas porque a literatura ajudaria as crianças a pensarem e a enfrentarem seus dilemas e problemas subjetivos, psíquicos, identitários, sociais; o trabalho com a literatura é fundamental também para que, a partir de práticas efetivas de aproximação do literário, as crianças percebam a questão da sonoridade nas quadrinhas, nas cantigas, nos poemas infantis e nas trovas... Ao apresentarmos esses poemas de Manuel Bandeira, desejamos expor xs alunxs ao contato com textos mais sofisticados para responder a uma inquietação em nossa pesquisa: o fracasso da leitura literária em sala de aula dá-se entre x alunx e a obra ou na forma da abordagem? Ou seja, na relação entre alunx e professorx?A cada dia que passa, acreditamos mais que o problema não está na literatura.
Retomando ao início da aula...Todos com o roteiro nas mãos, iniciamos a conversa sobre o poema Porquinho-da-índia e mostramos algumas imagens para conhecerem esse bichinho tão simpático.
Feito todo esse trabalho de compreensão e imersão na obra, ensaiamos o roteiro, pontuando aspectos como dição, ritmo de leitura e performance. Aproveitamos para dividir a turma entre aqueles que queriam performar e xs que atuariam na montagem da playlist, utilizando o programa ZaraRádio. Houve bastante interesse delxs nessa parte técnica, pois muitxs têm como referência alguém da família que mexe com aparelhagem de som. E a festa só aumentou quando, dado o play, rolou aquele Miami Bass no BG (música de fundo).
Nosso ensaio transcorreu com alegria, muita agitação e interesse. De um lados xs DJs, de outro as apresentadoras e no centro os meninos recitando Manuel Bandeira. Na brincadeira de entrevistar xs colegas, um aluno, quando perguntado sobre o que mais tinha gostado no poema, respondeu: Irene preta. E assim, sem nos valermos do discurso de enfrentamento, suavemente vamos tratando das questões raciais - um de nossos focos.
Entre os dias 17 e 23 de maio, atravessamos o Espírito Santo rumo à Reserva Ecológica da Juatinga, Paraty-RJ,
para ministrar o curso de extensão Escola no Ar: capacitação em rádio educativa
com focos em Língua Portuguesa e Literatura - mais uma ação do projeto Programa Vice Verso, Universidade Federal do Espírito Santo. Na paradisíaca
Praia do Sono, conhecemos o músico Zaqueu, um apaixonado por rádio que conduz
sozinho 18 horas de programação, da música evangélica de raiz à MPB. A Caiçara
FM 88,3 é o orgulho de uma comunidade composta por pouco mais de 300
habitantes, mas suas ondas chegam ainda mais longe integrando povos guardiões
da Mata Atlântica.
"Estamos em pleno mar": Karina Caetano e Jamilla Ghil chegando à Praia do Sono
Nessa vivência com os Caiçaras, incentivamos os alunos do ensino fundamental e a professora Beth, da
Escola Municipal Martim de Sá, a se tornarem produtores de conteúdos culturais para a Rádio Caiçara. O curso motivou o desenvolvimento de performances para o rádio e a produção de
conteúdos que somassem à programação já desenvolvida pelo Zaqueu. Privilegiando
aspectos que valorizassem as manifestações culturais da comunidade e seu entorno,
formulamos coletivamente o conceito e a identidade sonora do programete Cultura
Caiçara: saberes, sabores e tradição do nosso povo; além de produzir vinhetas e spots com as vozes dos estudantes. Coincidência ou não, nossa visita se deu exatamente na semana do aniversário de 4 anos da Çaiçara FM - ver toda a comunidade engajada nos preparativos da festa foi um presente!
Esperamos que o saber construído aos longo desses dias tenha somado força às práticas de organização social dessas comunidades tradicionais em entorno do rádio.
A Chegada
Panorâmica da Praia do Sono - Paraty/RJ
Chegamos à Praia do Sono, por
escolhermos o caminho do mar em lugar da trilha, entramos no condomínio
privado mais caro do Brasil. O destino de uma gente muito simples foi
atravessado pelo fetiche do luxo, da ostentação, por mansões, um campo de Golfe e um
heliporto. Em Paraty, as elites colonizam o paraíso e pouco a pouco
"expulsam" os Caiçaras de seus territórios originais, propondo
um modelo de desenvolvido perverso e excludente. A Praia do Sono é um dos
poucos refúgios em que ainda se resiste.
Mas, quem são os Caiçaras? Uma
mistura do europeu com negros e indígenas? Conhecemos uma gente com modo
próprio de vida coletiva, cujo trabalho e pensamento obedecem ao ritmo do mar; pessoas ligadas por
gerações que dele tiram o sustento, seja pelo turismo ou pela pesca.
A orla aponta no horizonte, da
areia Jad nos espera com um abraço receptivo. Presidente da associação de
moradores da Praia do Sono, é homem de luta qual seus conterrâneos. A comunidade é
pacífica e sem registro de violência, senão simbólica. O
conflito é político e se dá com os milionários do condomínio, que volta e
meia criam embargos na travessia. É preciso passar dentro do condomínio para
embarcar rumo ao Sono, é preciso passar dentro do condomínio para que o lixo da
comunidade seja coletado, é preciso passar dentro do condomínio para vender os
peixes...Daí vocês já imaginam a bomba relógio, sobretudo no verão. Meia hora
de prosa e já sabemos que há muita lula por aqui.
Jamilla Ghil, Jad (presidente da Associação de Moradores) e Karina Caetano
Almoçamos a comida preparada por
Dona Iracema, mãe do Jad. Deixamos os equipamentos numa antiga igreja,
temporariamente nosso lar, e fomos conhecer a Rádio Caiçara FM 88,3. Trata-se de uma pequena estação conduzida pelo Zaqueu, em sua própria casa, num quartinho com uma cama de
solteiro que lhe serve de cadeira, transmissor, mesa de som, microfone com
pedestal, fones e outras relíquias. Na entrada da sala, estava ele sentado no chão fazendo a escuta das músicas e montando, de maneira bem
artesanal, parte das 18h de programação diária. Utilizando um aparelho
de som com duas entradas para pendrive, escolhe as músicas e passa de
um aparelho pro outro. Talvez o trabalho fosse menor, caso o único computador da casa fosse
adaptado à sua natureza: Zaqueu é cego.
Zaqueu, o radialista, Jamilla Ghil e Karina Caetano
A programação começa às 6h
com a Manhã Sertaneja, depois uma programação evangélica, segue a tarde ao som da MPB, termina
com as Melhores românticas da
noite e no final de semana ainda tem Saudades da Jovem
Guarda. O horário evangélico é o de maior
audiência, e de muitos abraços às comunidades da Península da Juatinga. Além
do mais, nesse horário são passados os principais informativos, como a vinda ou não do médico, avisos da associação de moradores e
até pouco tempo anunciavam-se os dias da coleta de lixo. O papel social dessa
rádio é de emocionar!
As peças
publicitárias arrancam rizadas dos ouvintes e do próprio Zaqueu, que cria
vozes, improvisa com um gravadorzinho de mão e assim cativa um público fiel há 4 anos. Felizmente, tivemos a sorte de chegar exatamente na semana
do aniversário da Caiçara FM, e isso fez aumentar ainda mais nosso desejo
de colaborar.
A escola
No dia 19/05, conhecemos a
professora Beth e a coordenadora Érica Duval, após chegarem em um
barco financiado pela prefeitura. A Escola Municipal Martim de Sá oferece o Ensino Fundamental em classes multisseriadas; o turno matutino
recebe alunos do 3º ao 5º ano e, no vespertino, crianças do 1º e 2 º anos da alfabetização. O espaço físico conta com 01 sala de
aula, 01 pequena biblioteca, 01 sala auxiliar com TV e DVD, refeitório
e o espaço externo é o próprio centro da vila e a praia. Ao que
tudo indica, é um lugar onde as crianças ainda podem ser
livres.
Os estudantes aguardavam
tranquilos a chegada da professora. No dia anterior, não houve aula -
fato noticiado na Rádio Caiçara, inclusive. A coordenadora foi bastante solícita e nos
disse que vem uma vez por semana (nos outros dias
acompanha outras três escolas da costa). Ela ainda não sabia muito sobre o
que era nosso projeto, o que não chegou a ser um problema, visto que a
comunicação no Sono, em muitos aspectos, é difícil.
Há trinta e um alunos
matriculados sob a responsabilidade da prefeitura. No turno noturno, funciona
o Projeto Azul Marinho, que oferece complemento do ensino fundamental, 6º ao 9º ano, com duração de dois anos. Trata-se de uma
parceria entre a Rede Globo e a Prefeitura de Paraty. Porém, a
formação desse segmento não é certificada e não se sabe da continuidade da
formação no Ensino Fundamental II, após o fim do projeto. No Sono não
é oferecida nenhuma modalidade de ensino que atenda aos jovens e
adultos, nem ensino médio - o que leva muitas pessoas a abandonar os estudos ou emigrar para Paraty.
Embora o descaso do poder
público com a educação local, podemos afirmar que a Martim de Sá é reflexo da própria comunidade: é uma das escolas mais
fortes da região porque ao seu redor estão reunidas lideranças articuladas que incentivam a permanência dos alunos na escola, bem como a inserção de projetos como o
nosso e a melhoria da escola. E não para por aí, a escola é o lugar de articulação e reuniões dos moradores e atualmente há uma briga envolvendo o Ministério
Público para regulamentar o Fundamental II e implantar o
Ensino Médio.
Apesar de seu território
circunscrevê-la como escola do campo, e de ser frequentada por Caiçaras, o
Estado não oferece políticas suficientes para atender a uma instituição
de tal natureza. Ainda não possui Projeto Político
Pedagógico próprio, mas o corpo docente e os agentes sociais
estão empenhados na construção de outro modelo de Educação ali.
A fim de fortalecer os saberes
tradicionais, destacam-se as demandas por uma Educação que mantenha
viva a cultura e memória desse povo. Nesse sentido, o fomento de uma estação comunitária,
bem como a propagação dos conhecimentos sobre rádio e o
compartilhamento de saberes construídos desde a perspectiva
das crianças, fortalece a luta pela garantia de direitos
e pode manter viva a memória cultural dos povos tradicionais.
Os aspectos complicadores diagnosticados foram as dificuldades com a alfabetização, as repetidas
faltas das crianças e o pouco interesse dos pais em relação ao colégio. Segundo
a educadora Érica Durval, esses problemas se apresentam diante da pouca
perspectiva de futuro ou da ideia de que para desenvolver as principais atividades
da região, o turismo e a pesca, saberes passados de pai para filho, não há
necessidade de frequentá-la assiduamente.
No fim da tarde, encontramos
a professora trabalhando com os pequenos. Disse-nos de sua antiga vontade
de unir os trabalhos em sala à abrangência da Rádio Caiçara,
mas lhe faltava conhecimentos técnicos. Explicamos que pensávamos criar junto com os alunos a estrutura básica para pequenos programas irem ao ar e
que, a partir disso, pudessem se organizar. Apesar da oficina ter
sido elaborada para crianças a partir de 10 anos, ela nos pediu que os
menores também participassem. Saímos animadas da escola, pensando no início dos
trabalhos.
Primeiro módulo do curso
Jamilla Ghil e Karina Caetano preparando o primeiro módulo
As crianças nos esperavam em
frente à escola. Entramos na biblioteca e elas nos seguiram um
tanto desconfiadas, daí começamos a montar os equipamentos e a
interagir. Nos apresentamos e, diante de toda a timidez delas, usamos
uma ferramenta poderosa para lidar com crianças: o riso. Falamos sobre
aquecimento vocal e fizemos juntos alguns exercícios. Depois de uns gritos para mostrar a respiração diafragmática (mas que
acabaram feitos no gogó mesmo), demos início à dinâmica de
apresentação no rádio. Como eles estavam demasiado retraídos, fizemos da
apresentação uma breve entrevista com cada um. À medida que íamos
trabalhando, mais as crianças menores se achegavam à porta
para saber o que acontecia. Pouco a pouco os que estavam na sala
foram ficando mais à vontade.
Aos poucos, a dinâmica de apresentação foi soltando os alunos
Apresentamos o desafio de leitura
da canção Ode aos Ratos, de Chico Buarque. Foi interessante
observar como todos estavam concentrados treinando a dicção dos "erres".
Aliás, todo mundo quis ver o texto, mas poucos se arriscam a ler em voz alta. Então,
com o intuito de melhorar a performance oral e estimulá-los a
refletir sobre a locução, elencamos algumas Dicas para falar no
rádio. Em seguida, iniciamos a gravação da decantação (arte
de declamar canções) da música do Chico. Essa experiência
sempre aproxima as crianças das práticas radiofônicas, como por exemplo a
percepção da importância de se fazer silêncio no estúdio e da escuta
crítica daquilo que é produzido, aspectos para os quais chamamos atenção.
Tínhamos ressalvas sobre o
estágio de alfabetização das crianças, a impressão foi de que a maioria sabia ler, mas apresentavam alguma resistência na hora de escrever o nome completo. Ao
fim do encontro, separamos as crianças em grupos com diferentes temáticas para o programete Cultura Caiçara. A ideia era
criar um produto sobre cultura e diversidade com duração de 1
minuto. Como tarefa de casa, sugerimos que pesquisassem
possíveis assuntos sobre os temas que eles mesmos elegeram como importantes: espécies de peixes, cuidados com a água, remédios caseiros e prática
de bordado.
Segundo módulo do curso
Voltamos pela
manhã, montamos os equipamentos e esperamos as crianças. Mas, para nossa
surpresa, apenas três compareceram. Diz-se que essa ausência no
contraturno é muito comum por aqui.
Iniciamos a oficina ainda
afinando o funcionamento dos equipamentos de captação de áudio. Fizemos o
aquecimento de voz, escutamos e identificamos alguns efeitos sonoros e depois
gravamos a decantação de Ode aos ratos como forma de sensibilização
para a performance no rádio.
Alunos da alfabetização, Tainá, do Ponto de Cultura Caiçara, e a professora Beth
Na hora do recreio da turma de
alfabetização, alguns deles se aproximaram curiosos
e interessados. Pedimos à professora Beth (super engajada em
fazer a diferença) para que participassem um pouco da oficina. A sala
ficou lotada, para nossa alegria! Exibimos o vídeo de Os Trapalhões fazendo uma
rádio novela, a qual adoraram e compreenderam o humor.
Hora da gravação, tudo o
que tínhamos combinado no dia anterior deu errado. Ninguém levou a pesquisa, até
porque apenas 3 alunos desse dia participaram deste encontro \O/ \0/ E
agora? O que gravar com elas?
Como as meninas do Ponto de
Cultura Caiçara, Julia Grillo e e Taina Mie, estavam lá acompanhadas da
professora, as 3 começaram a sugerir ações. Assim nasceu a ideia de aproveitar as
produções textuais já realizadas pelos alunos para a gravação do
programete.
Gravamos vinhetas, dicas de meio
ambiente, curiosidades, paródias e poemas criados pelas crianças. Assim nasceu o Cultura Caiçara: sabores, sabores e tradição do nosso povo.
3º Módulo do curso
Este foi mais um dia tentando encontrar
o Zaqueu para gravar algumas peças sonoras para a Caiçara FM , porém esteve muito
ocupado com os preparativos do aniversário da rádio. É inspiradora sua força e
sua proatividade.
Fomos à escola pela manhã gravar
com as crianças que faltaram no primeiro dia da oficina, desejávamos recolher um
pouco mais de material. Na biblioteca, Júlia e Taina, do Ponto de
Cultura Caiçara, faziam reunião com alguns moradores, os quais são seus
articuladores culturais em formação. Uma jovem com um bebê recém-nascido questionava as
mudanças na praia e as necessidade de preservação de alguns hábitos antigos,
como o direito de aprender a nadar na barra.
Enquanto arrumávamos os
equipamentos, Julia Grillo nos avisou que as crianças não queriam gravar, pois
estavam muito tímidas. Sugerimos realizar apenas uma
dinâmica de escuta, sem obrigação de registro.
Com muito custo, os poucos presentes na escola entraram na sala. Fizemos a escuta de alguns efeitos sonoros e brincamos de identificá-los. Depois, escutamos a gravação das vozes dos alunos feita na oficina passada e, por último, a composição
delas nas vinhetas. Isso mudou o clima da aula, o que animou a turma para mais
gravação.
A cantoria ficou afinada
Finalizado o encontro, iniciamos
a gravação com o Tiago, um jovem artista plástico engajado na
implantação do Ponto de Cultura na Praia do Sono e que emprestou sua voz
para a abertura do Cultura Caiçara.
Foi uma surpresa boa! Conseguimos
dar um passo rumo à inserção de várias vozes, diga-se, dos próprios Caiçaras na
programação da rádio deles. Aliás, isso também era uma demanda do Zaqueu. Alegria à parte
foi encontrar o aluno João todo contente por ter escutado sua
voz ser veiculada na vinheta da rádio pela manhã. Seus familiares
também ficaram bem orgulhosos, o que nos fez acreditar ainda mais no
poder aglutinador do rádio.
O aniversário da Rádio
Às 6 da manhã já estávamos
na casa do Zaqueu para testar o volume das vinhetas numa veiculação ao
vivo. Ele gostou do resultado e já soltou o novo
material naquele instante e durante as comemorações do aniversário, à beira mar.
Zaqueu discotecando na Praia do Sono
Zaqueu no aniversário de 4 anos da rádio Caiçara FM
Foi emocionante ver toda a
comunidade unida em torno da Rádio Caiçara. As mulheres empenhadas na feitura do
estrogonofe de frango e do bolo, enquanto a TV Futura registrava, no
centro da vila, Zaqueu com uma mesa e uma caixa de som ao
vivo pra festa. Pessoas de localidades vizinhas chegaram de
barco, todos comeram e compartilharam aquele momento de felicidade pelos 4
anos de aniversário.
À tarde, gravamos mais
poemas do Almir, o poeta do Sono. Uma figura muito simpática que acumula
as habilidades de agricultor, massoterapeuta, capelão e que em breve começará
o curso de Pedagogia do Campo.
Ainda rolou um recado do ex-presidente Lula
pros Caiçaras, gravado pelo querido Jad, escutem
só:
Os frutos
A surpresa dessa viagem foi para
ambos os lados. Tínhamos um plano em mãos cujo foco recaía sobre a leitura literária, mas chegando lá tivemos que
adaptá-lo às demandas daquela realidade: reduzir o curso, trabalhar
com diferentes faixas etárias, tentar conciliar a agenda apartetada do Zaqueu
com nossas aspirações radiofônicas. Além do trabalho duro
e apaixonado de criação e edição de áudio, ainda que falho.
Na mesma direção, Jad fez questão
de enfatizar o quanto nossa ação era importante para o fortalecimento
da rádio e da comunidade. Esse fato nos fez acreditar ainda mais que
veicular as vozes dos próprios moradores do Sono, sobretudo dos poetas, pode fortalecer
ainda mais a sensação de pertencimento àquele lugar, e de
carinho pela Caiçara FM. Trabalhamos com muita
alegria e esperamos que as pessoas se apropriem dela dia a dia e
deem continuidade ao Cultura Caiçara, ou criem outros programas,
afinal a Caiçara FM é um patrimônio cultura da Praia do Sono.