No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.
(O Livro das Ignorãças – Manoel de Barros)
15 de abril de 2015:
a palavra poética foi Ignorãça. Em um programa belíssimo inspirado em Manoel
de Barros mergulhamos em suas obras e fomos agraciados por sua ignorãça. Com o poeta meditamos sobre às origens do
homem e a busca pelos deslimites da palavra...
Para
deixar esse programa ainda mais especial, a arte-educadora Lívia Campos
ofereceu a oficina Bicho Sensação aos
integrantes do Vice Verso.
Um dos mais originais
escritores brasileiros, o mato-grossense Manoel de Barros nasceu em dezembro de
1916, em Cuiabá. Viveu longas temporadas da infância numa fazenda do pai, no
Pantanal, o que lhe marcou a poesia por toda a vida com versos que “saíram” do
chão e da terra. A adolescência e o início da vida adulta passou no Rio
de Janeiro, onde formou-se bacharel em Direito, em 1941. Manoel de Barros
pertenceu à Geração de 1945, de onde saíram grandes escritores brasileiros na
metade do século XX. Ao longo dos seus 74 anos de carreira Manoel teve 28 obras
publicadas e conquistou 13 prêmios literários, inclusive dois prêmios Jabutis. Quem
descobriu Manoel de Barros foi o poeta Millor Fernandes, já na década de 1980,
mas foi aos 19 anos que ele publicou sua primeira obra, feita
artesanalmente por amigos numa tiragem de 20 exemplares mais um, que ficou com
ele.
No quadro Quem conta um ponto aumenta um conto,
Jamilla Ghil nos apresentou a obra, O
Romanceiro da Inconfidência de Cecília Meireles. No 5 minutos David Borges, nosso comentarista de Filosofia e política fala sobre infância e maioridade penal.
Canções e poemas
Um Som Azul (Interpretação: Alexandre Andres; composição: Alexandre Andrés e Bernardo Maranhão; álbum Macaxeira
Fields - 2012)
Rã (Interpretação: Caetano Veloso;
composição: Caetano Veloso e João Donato)
Áudio de
Manuel de Barros: "Descobri Aos 13 Anos”
Poema 1 (Autor: Manoel de Barros, O Livro das
Ignorãças; performance: Jamilla Ghil)
Raízes (Interpretação: Renato Teixeira e Zé Geraldo; composição: Zé
Geraldo)
Didática da Invenção (Autor:
Manoel de Barros, O Livro das Ignorãças; performance: Aline Maria, Fernando
Zorzal, Jamilla Ghil e Juliano Rabujah)
No Rancho Fundo (Interpretação:
Gal Costa e Raphael Rabello; composição: Ary Barroso)
Autoretrato Falado (Autor: Manoel
de Barros, O Livro das Ignorãças;
performance: Jamilla Ghil)
Cultura (Composição e interpretação:
Arnaldo Antunes)
Acabou Chorare (Interpretação: Novos Baianos; composição: Luis Galvão e
Moraes Moreira)
Aforismos de O Livro das Ignorãças (Autor: Manoel de Barros; performance: Aline
Maria, Fernando Zorzal, Jamilla Ghil e Juliano Rabujah)
Retrato Do Artista Quando Coisa (Interpretação: Luiz Melodia; autor:
Manoel de Barros; composição: Luis Melodia)
Ócio (Autor: Manoel de Barros, no documentário Só 10% é mentira)
Telha Nua (Interpretação: Banda de Pau e Corda; composição:Waltinho e Roberto Andrade)
Aforismos de Manoel por
Manoel (Autor: Manoel de Barros, obra Memórias Inventadas - As Infâncias de Manoel de Barros; performance: Danilo D'alma)
Poema IX - Para entrar em estado de árvore
(Autor: Manoel de Barros, O Livro das Ignorãças; performance: Aline Maria)
Chuva Na Calçada (Interpretação e composição: Quarteto Falta Um – Aline
Maria, Fernando Zorzal e Henrique Paoli)
As bênçãos (Autor: Manoel de Barros; performance: Aline Maria)
Ruínas (Autor: Manoel de Barros; performance: Maria Bethania)
Trem Do Pantanal (Composição: Paulo Simões,
Geraldo Roca; interpretação: Almir Sater)
Cunhataiporã (Composição: Geraldo Espíndola;
interpretação: Tetê Espíndola)
Alma não tem cor (Composição:André Abujamra; interpretação: Chico
Cesar)
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