quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Descolonização



Pelos milhares que ontem foram e amanhã serão
mortos pelo grão-negócio de vocês;
Pelos milhares dessas vítimas de câncer,
De fome e sede, e fogo e bala, e de AVCs;
Saibam vocês, que ganham “cum” negócio desse
Muitos milhões, enquanto perdem sua alma,
Que a mim não faria falta se vocês morressem;
Saibam que não me causaria nenhum trauma.
                                     
                                             (Reis do agronegócio, Chico César)




 Fernando Marques, Juliano Rabujah, Aline Maria e Karina Caetano.


 
O  mês de Abril nos convida a pensar a descolonização a partir de algumas datas  comemorativas e (des)comemorativas que marcam, no Brasil,  a história da  colonização e da resistência dos nossos povos.  Dia   17, dia Internacional da Luta Campesina, em memória ao  massacre de  Eldorado dos Carajás, onde a polícia militar  matou mais de 20 sem terras  e deixou tantos outros desaparecidos, especialmente  mulheres e crianças desse assentamento. 19 de abril, dia do Índio, os donos da terra submetidos a todo tipo de violência contra seu povo e sua cultura.  21, dia da Inconfidência Mineira, da triste memória do Brasil  colônia, subjugado por Portugal e das tentativas de sair do jugo da  metrópole  extrativista, que entre outras atrocidades implementou a  utilização de mão de obra escrava e desumanizou os negros sequestrados no continente africano. Dia  22 de abril, dia da invasão dos portugueses ao Brasil, momento onde  começa todo esse processo de opressão, construção e resistência  do  nosso povo. Não por acaso dia 22 de abril também é dia da Terra. Para trazer a tona o contexto de luta  e afirmação de nossos povos: indígenas, negros e quilombolas, e  trabalhadores do campo  em suas diversidades, a palavra poética do Vice Verso foi descolonização.     
 
  

Descolonização é o processo por que passa uma nação ou um povo ao se livrar daquele que o explora e desqualifica seus modos de vida. Está diretamente relacionada a conquistas de direitos, a afirmação de uma cultura até então menosprezada e a conservação de suas tradições, em detrimento a cultura secular européia. Descolonizar, portanto é retirar um povo de um processo histórico de exclusão dando-lhe autonomia e fazendo emergir a consciência e o orgulho de sua própria origem.



No quadro 5 minutos, Fernando Marques, nosso comentarista de Teatro nos falou sobre a necessidade de nos afastarmos do colonizador que existe dentro de nós. No quem conta um ponto aumenta um conto Fernando Zorzal comemorou com sua resenha o aniversário de 70 anos da obra A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade.





Canções e poemas
Curumim chama Cunhatã (Composição e interpretação: Jorge Ben Jor)
Erro de português (Autor: Oswald de Andrade; performance: Juliano Rabujah)
Eju orendive (Composição e interpretação: Bro Mc's, reserva Jaguapiru, Dourados – MS)
Visitação (Autor e performance: Paulo Sodré)
Salve as folhas / Descobrimento (Composição: Baianos Gerônimo e Ildásio Tavares; interpretação: Maria Bethania/  Autor: Mario de Andrade; performance: Ferreira Gullar, álbum Brasileirinho, 2003)
Trecho do documentário Escolarizando o Mundo (Autor: Wade Davis; performance: Aline Maria)
Língua (Composição: Caetano Veloso; interpretação: Gal Costa)
 Araruna (Canto dos índios Parakanã do Pará; interpretação: Marlui Miranda)
O ronco da cuíca (Composição: João Bosco e Aldir Blanc; interpretação: Céu)
Navio negreiro (Autor: Castro Alves; performance: Paulo Autran)
Canto das três raças (Composição: Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte; interpretação: Clara Nunes)
Furtar e foder (Autor: Gregório de Matos; performance: Nilda Spencer)
Reis do agronegócio (Autor: Chico César; performance: Aline Maria, Karina Caetano e Juliano Rabujah)
 Canoa, canoa (Composição: Nelson Angelo e Fernando Brant; interpretação: Milton Nascimento, álbum: Clube da esquina, nº 2, 1978)
O colono e o fazendeiro (Autor: Carolina Maria de Jesus; performance:  prof. Pedro de Mello)
Casinha branca (Composição: Joran e Gilson; interpretação: Gilson)
Patrão nosso de cada dia (Composição: João Ricardo; interpretação: Secos e molhados)
Hip!! hip! hoover! (Autor: Oswald de Andrade; por Arnaldo Antunes e outros)
Índigo blue (Composição e interpretação: Gilberto Gil, álbum: Raça humana, 1984)  
Eucalipto (Autor e performance: Waldo Motta)
Não sonho mais (Composição: Chico Buarque; interpretação: Elba Ramalho, álbum  Ave de prata,1979)
Senhor cidadão (Composição e interpretação: Tom Zé)

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