domingo, 31 de maio de 2015

Escrevivência - especial Carolina Maria de Jesus


(. ..) Percebi que chegaram novas pessoas para a favela.  Estão maltrapilhas e as faces desnutridas. Improvisaram um barracão.  Condoí-me de ver tantas agruras reservadas aos proletarios. Fitei a nova  companheira de infortunio. .Ela olhava a favela, suas lamas e suas  crianças pauperrimas. Foi o olhar mais triste que eu já presenciei.  Talvez ela não mais tem ilusão. Entregou sua vida aos cuidados da vida.
...Há de existir alguem que lendo o que eu escrevo dirá. ..isto é mentira! Mas, as miserias são reais.
...O que eu revolto é contra a ganancia dos homens que espremem uns aos outros como se espremêsse uma laranja.

                                                                         (29 de Maio, Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo)



No dia 18 de abril de 2015, a palavra poética foi Escrevivência para evocar a luta e a obra de Carolina Maria de Jesus. Escrevicência é termo cunhado pela escritora Conceição Evaristo pra descrever a relação mais que íntima entre a escrita e a experiência de vida. 

Nascida em Sacramento, no interior de Minas Gerais, em 1914, vinda de família muito pobre, Carolina tinha sete irmãos e conheceu o mundo do trabalho bem cedo pra ajudar no sustento da casa. Estudou até o segundo ano primário. Na década de 30 mudou-se (a pé, segundo seus próprios relatos) para São Paulo, foi buscar Onde estaes felicidade, mas acabou por viver uma vida de miséria na favela do Canindé – importante cenário de seus escritos.

No Vice Verso Escrevivência falamos de uma mulher negra, pobre, catadora de papel que se tornou uma escritora mundialmente conhecida. Mãe solteira, com pouca escolaridade.  Carolina Marina de Jesus escrevia sobre o cotidiano da favela e sobre as questões sociais do seu entorno em cadernos que encontrava no lixo.

Em 1960 foi lançado seu primeiro livro, Quarto de despejo: o diário de uma favelada. O título veio de uma frase marcante de Carolina: “A favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos” (Relato de 19 de maio). O livro foi um sucesso, a tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana. 





Em meio a canções de resistência e representatividade da favela compartilhamos relatos, trecho de suas obras, poemas recitados por nós e por outros. No quadro 5 Minutos, David Borges falou sobre a necessidade de desenvolver pensamento crítico para tratar de questões políticas sem se colocar como massa de manobra e reproduzir discurso de ódio e violência. 



Já no Quem conta um ponto aumenta um conto, tivemos a estreia de Elvira Broetto, nossa designer, falando sobre literatura infanto juvenil, na obra Encantamento - Contos de fada, de fantasma e de magia de Kevin Crossley-Holland.





Ouça
Fui pedir às almas santas (Interpretação: Clamentina de Jesus; composição: domínio público)

Pot-pourri (Interpretação: Elis Regina e Jair Rodrigues, no álbum Dois Na Bossa – 1965) O Morro não tem vez (Composição: Tom Jobim, Vinícius De Moraes); Esse mundo é meu (Composição: Sergio Ricardo, Ruy Guerra); Feio não é bonito (Composição: Carlos Lyra, Gianfrancesco Guarnieri)

O colono e o fazendeiro (Interpretação: Prof. Pedro Mello; autora: Carolina Maria de Jesus)

Saudosa maloca (Interpretação: Por João Bosco; composição: Adoniran Barbosa)

Santo e orixá (Interpretação: Glória Bonfim; composição: Pedro Cesar Pinheiro)

 29 de maio (Performance: Karina Caetano; autora: Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)

O Pobre e o rico (Interpretação e composição: Carolina Maria de Jesus)

Rap Da Felicidade (Interpretação: Mc Cidinho e Doca; composição: Julinho Rasta e Kátia)

Alma não tem cor (Interpretação: Chico Cezar; Composição: André Abujamra)

28 De Maio (Performance: Fernando Zorzal; autora Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)

Despejo na favela (Interpretação e composição: Adoniran Barbosa)

13 De Maio (Performance: Juliano Rabujah; autora: Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)

Haiti (Interpretação: Caetano Velozo; composição: Caetano Veloso E Gilberto Gil)

Carne (Interpretação: Farofa Composição: Marcelo Yuka, Seu Jorge E Wilson Cappellette)

Vedete da favela - (Interpretação e composição: Carolina Maria De Jesus)

Estatuinha (Interpretação e composição: Edu Lobo)

Sobre Todas As Coisas (Interpretação e composição: Gilberto Gil

19 De Maio - Quarto De Despejo (Performance:Aline Maria, karina Caetano e Juliano Rabujah; autora: Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)

Maria Três Filhos (Interpretação e composição: Milton Nascimento)

Trecho De Quarto De Despejo (Performance: Ruth De Souza; autoria: Carolina Maria De Jesus)

Poema da obra Antologia Poética, p. 174 (Performance: Aline Maria; autora: Carolina Maria de Jesus)
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Locução: Aline Maria e Fernando Zorzal, Produção de áudio: Juliano Rabujah, Design gráfico: Elvira Broetto, Imagens: Iuri Galindo, Revisora de linguagem: Luana Mattos, Mediadora escolar: Duana Peixoto, Produção: Jamille Ghil e Karina Caetano, Coordenação: Prof. Jorge Luiz do Nascimento.

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