(. ..) Percebi que chegaram novas pessoas para a favela. Estão maltrapilhas e as faces desnutridas. Improvisaram um barracão. Condoí-me de ver tantas agruras reservadas aos proletarios. Fitei a nova companheira de infortunio. .Ela olhava a favela, suas lamas e suas crianças pauperrimas. Foi o olhar mais triste que eu já presenciei. Talvez ela não mais tem ilusão. Entregou sua vida aos cuidados da vida.
...Há de existir alguem que lendo o que eu escrevo dirá. ..isto é
mentira! Mas, as miserias são reais.
...O que eu revolto é contra a ganancia dos homens que espremem uns aos outros como se espremêsse uma laranja.
...O que eu revolto é contra a ganancia dos homens que espremem uns aos outros como se espremêsse uma laranja.
(29 de Maio, Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo)
No dia 18 de
abril de 2015, a palavra poética foi Escrevivência
para evocar a luta e a obra de Carolina Maria de Jesus. Escrevicência é termo cunhado pela escritora Conceição Evaristo pra
descrever a relação mais que íntima entre a escrita e a experiência de vida.
Nascida em Sacramento, no interior de Minas Gerais, em 1914, vinda de
família muito pobre, Carolina tinha sete irmãos e conheceu o mundo do trabalho bem cedo
pra ajudar no sustento da casa. Estudou até o segundo ano primário. Na década
de 30 mudou-se (a pé, segundo seus próprios relatos) para São Paulo, foi buscar
Onde estaes felicidade, mas acabou
por viver uma vida de miséria na
favela do Canindé – importante cenário de seus escritos.
No Vice Verso Escrevivência falamos de uma mulher negra, pobre, catadora
de papel que se tornou uma escritora mundialmente conhecida. Mãe solteira, com
pouca escolaridade. Carolina Marina de Jesus
escrevia sobre o cotidiano da favela e sobre as questões sociais do seu entorno
em cadernos que encontrava no lixo.
Em 1960 foi lançado seu primeiro livro, Quarto de despejo: o diário de uma favelada. O título veio de uma
frase marcante de Carolina: “A favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós,
os pobres, somos os trastes velhos” (Relato de 19 de maio). O livro foi um
sucesso, a tiragem inicial de dez mil exemplares se esgotou em uma semana.
Em meio a canções de resistência e representatividade da favela compartilhamos
relatos, trecho de suas obras, poemas recitados por nós e por outros. No quadro
5 Minutos, David Borges falou sobre a necessidade
de desenvolver pensamento crítico para tratar de questões políticas sem se
colocar como massa de manobra e reproduzir discurso de ódio e violência.
Já no Quem conta um ponto aumenta um conto,
tivemos a estreia de Elvira Broetto, nossa designer, falando sobre literatura
infanto juvenil, na obraEncantamento - Contos de fada, de fantasma e de magia de Kevin
Crossley-Holland.
PROGRAMA VICE VERSO ESCREVIVÊNCIA - ESPECIAL CAROLINA MARIA DE JESUS - PARTE I by Programa Vice Verso on Mixcloud
PROGRAMA VICE VERSO ESCREVIVÊNCIA - ESPECIAL CAROLINA MARIA DE JESUS - PARTE II by Programa Vice Verso on Mixcloud
Ouça
Fui pedir às almas santas (Interpretação: Clamentina de Jesus; composição: domínio público)
Fui pedir às almas santas (Interpretação: Clamentina de Jesus; composição: domínio público)
Pot-pourri (Interpretação: Elis Regina e Jair Rodrigues, no álbum Dois Na Bossa – 1965)
O Morro não tem vez (Composição: Tom Jobim, Vinícius De Moraes); Esse mundo é meu
(Composição: Sergio Ricardo, Ruy Guerra); Feio não é bonito (Composição: Carlos
Lyra, Gianfrancesco Guarnieri)
O colono e o fazendeiro (Interpretação: Prof. Pedro Mello; autora:
Carolina Maria de Jesus)
Saudosa maloca (Interpretação: Por João Bosco; composição: Adoniran
Barbosa)
Santo e orixá (Interpretação: Glória Bonfim; composição: Pedro Cesar
Pinheiro)
29 de maio (Performance: Karina
Caetano; autora: Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)
O Pobre e o rico (Interpretação e composição: Carolina Maria de Jesus)
Rap Da Felicidade (Interpretação: Mc Cidinho e Doca; composição: Julinho
Rasta e Kátia)
Alma não tem cor (Interpretação: Chico Cezar; Composição: André
Abujamra)
28 De Maio (Performance: Fernando Zorzal; autora Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)
Despejo na favela (Interpretação e composição: Adoniran Barbosa)
13 De Maio (Performance: Juliano Rabujah; autora: Carolina Maria de
Jesus, na obra Quarto de despejo)
Haiti (Interpretação: Caetano Velozo; composição: Caetano Veloso E
Gilberto Gil)
Carne (Interpretação: Farofa Composição: Marcelo Yuka, Seu Jorge E
Wilson Cappellette)
Vedete da favela - (Interpretação e composição: Carolina Maria De Jesus)
Estatuinha (Interpretação e composição: Edu
Lobo)
Sobre Todas As Coisas (Interpretação e
composição: Gilberto Gil
19 De Maio - Quarto De Despejo (Performance:Aline Maria, karina Caetano e Juliano Rabujah; autora:
Carolina Maria de Jesus, na obra Quarto de despejo)
Maria Três Filhos (Interpretação e composição:
Milton Nascimento)
Trecho De Quarto De Despejo (Performance: Ruth De Souza; autoria: Carolina
Maria De Jesus)
Poema da obra Antologia Poética,
p. 174 (Performance: Aline Maria; autora: Carolina Maria de Jesus)
***************
Locução: Aline Maria e Fernando Zorzal, Produção de áudio: Juliano Rabujah,
Design gráfico: Elvira Broetto, Imagens: Iuri Galindo, Revisora de
linguagem: Luana Mattos, Mediadora escolar: Duana Peixoto, Produção:
Jamille
Ghil e Karina Caetano, Coordenação: Prof. Jorge Luiz do Nascimento.
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