quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Literatura de Cordel - Homenagem a Aprigio Lyrio

TRIBUTO AO CANTOR

APRIGIO LYRIO

Por: Kátia Bobbio





Eu vou pedir aos leitores
Um pouquinho de atenção,
Para falar numa voz
Que surgiu do coração,
Deixando o Espírito Santo
Com saudade e emoção.





Em 15 de fevereiro
Domingo de carnaval,
Em novecentos e cinqüenta (1950)
Nasce nesta capital,
Esse artista capixaba
Veio mostrar seu vocal.





Nosso Aprígio Lyrio Gomes
Vem com total altivez,
Está nascendo um menino
Dotado por sua vez,
De talentos musicais
Que Deus lhe deu quando o fez.





Nas ruas da capital
Cresceu e se fez rapaz,
Aprígio sempre inspirado
Pelas notas musicais,
Suas letras, sua voz
Não esquecemos jamais.





Passou a sua infância
Bem no centro da cidade,
O garoto Apriginho
Ainda com pouca idade,
Já corria em suas veias
Muita musicalidade.





Aprígio Vieira Gomes
O pai, do meu ilustrado,
A mãe, Dalva Lyrio Gomes
Que com carinho e cuidado,
Educou os seus dois filhos
Marcos e Aprígio ao lado.








Toda sua adolescência
Foi marcada pela arte,
Apenas 14 anos
Já era um baluarte,
Pintava e desenhava
A música, fazia parte.





Com os seus 16 anos
E com dom para cantar,
Entrou para a bossa nova
Disparou a apresentar,
Com a cronista Carmélia
Fez shows de emocionar.





No ano de sessenta e oito (1968)
Aprígio interpretou,
A música “Meio Mastro”
E com certeza ganhou,
Pois o primeiro lugar
Foi ele quem conquistou.





No Festival Capixaba
De Musica Popular,
Ganhou com facilidade
Pois sabia interpretar,
Terceira edição ganhou
Com “Agite Antes de Usar”.





Estudou no Americano
Na UFES começou direito,
Sua voz falou mais alto
E cantando com respeito,
Viajou São Paulo e Rio
Aprimorando seu jeito.





No ano de sessenta e nove (1969)
Encabeçou um movimento,
Todos se fantasiavam
Para o exato momento,
E o regime militar
Achou que era um tormento.



Cantou quebrando tabus
Aprígio se consagrou,
Sei que algumas canções
A ditadura vetou,
Os seus refrões bem rimados
O povo sempre escutou.




Hoje, deixou de existir
Censura dos marechais,
Não estão mais no poder
E não incomodam mais,
Cantores, compositores
Hoje se expressam em paz.



Formou a Banda “Os Mamíferos”
Com Mário Ruy – guitarrista,
Afonso Abreu – contrabaixo,
Marco Grijó – baterista,
Aprígio Lyrio – na voz
Arlindo Castro – flautista.





No ano setenta e oito (1978)
O grupo todo se afina,
Fizeram outro conjunto
Chamado “Mistura Fina”,
Sempre com os mesmos músicos
Seguiram sua rotina.





Lá no Rio de janeiro
Aprígio teve ação,
Ele apresentou dois shows
No Teatro Opinião,
Fazendo grande sucesso
Naquela ocasião.





Em 80, a última vez (1980)
Que ao palco subiu de novo,
Foi para homenagear
Um jornalista do povo,
Em memória ao Osmar Silva
E por isso eu me comovo.



No dia 10 de outubro
Perdemos nosso talento,
Aprígio caiu da janela
Lá do seu apartamento,
Bem no centro de Vitória
Trágico acontecimento.



Naquela hora calou-se
A voz do maior cantor,
No ano de oitenta e três (1983)
Sua vida desmoronou,
Perdemos um grande artista
Que o povo consagrou.






No ano de oitenta e sete (1987)
Um LP foi lançado,
“Agite Antes de Usar”
Que a Ester tinha gravado,
No Teatro Carlos Gomes
Um show foi realizado.





Os seus amigos sentiram
Muita saudade e emoção,
Do inesquecível Aprígio
Alegrando a multidão,
Nós vamos guardá-lo sempre
No fundo do coração.



A sua inquietação
Era uma coisa real,
Levando-o a registrar
De uma forma magistral,
Graças a Ester Mazzei
Que guardou o material.



A capital e o Estado
Choram de tanta tristeza,
A perda do seu cantor
Aprígio e que com certeza,
Está cantando no céu
Na mais alta sutileza.





Vale a pena registrar
Esse tributo em cordel,
O artista Aprígio Lyrio
Aqui cumpriu seu papel,
Foi talentoso na voz,
Nas letras e no pincel.





E quando chegou a hora
De sua triste partida,
Poucas pessoas estavam
Na última despedida,
A morte de Aprígio Lyrio
Foi uma coisa descabida.





As pessoas vêm ao mundo
Para cumprir sua missão,
Uns nascem para chorar
Outros a sorrir, então,
Aprígio veio ao mundo
E mostrou seu coração.







No ano de dois mil e dez (2010)
Aprígio Lyrio faria,
Os seus bons 60 anos
E tudo que foi um dia,
Mas aos 33 de idade,
Deixou sua nostalgia.





O talento de Aprígio
Chega à nova geração,
Foi lançado um CD duplo
Este com inovação,
O amigo Rubinho Gomes
Ajudou na edição.





O CD foi um convênio
Com o Centro Educacional
Brasileiro, que fez muito
E ficou sensacional,
Juntamente com a SECULT
E foi lançado – afinal.





No Teatro Carlos Gomes
O CD foi exibido,
A banda “Aurora Gordon”
Com grande show promovido,
Foi um tributo ao cantor
Aprígio, nosso querido.

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