A palavra poética do programa de ontem foi CAMA! E quem também deitou com a gente foi o mestrandoMoisés Nascimento! Ele entrou em cena como comentarista de Teatro no quadro 5 minutos! Em sua estreia, trouxe um pouco sobre o conceito de Teatro do Absurdo. Já ouviu falar? Como exemplo, ele lembrou a peça Esperando Godot, do renomado escritor irlandês Samuel Beckett (foto). Ouça abaixo:
Quer ler o comentário de Moisés Nascimento sobre Teatro do Absurdo? Então dá um pulo lá no blog dele clicando aqui.
Moisés Nascimento é graduado e Mestrando em Letras pela UFES. Compositor, músico e professor de literatura. Atualmente é colaborador do Portal Yah! através do blog www.portalyah.com/fragmentosnaribalta
O programa de hoje foi feito pra ser escutado na cama, quente ou fria, cheia ou vazia. Mas, afinal, o que ela é? Mero repouso do corpo? Refúgio da alma? Habitat natural dos amantes?
Na playlist do Vice Verso, a era dos extremos: de Nana Caymmi a Roberto Carlos. Já no repertório poético, a face erótica de Carlos Drummond de Andrade com seus poemas de O amor natural, livro póstumo em que nosso poeta maior revela-se num artífice do gozo. Além disso, contamos com a participação do poeta Fabrício Costa, falando sobre seu livro O riso que contrasta, e a estreia do comentarista de teatro Moisés Nascimento, abordando o teatro do absurdo.
Pedeu o programa? Não se desespere, entre no portal e acesso o link Podcast para escutar o que rolou.
Inté. E segue o som...
Poema: Drummond – O chão é cama
Música: Maria Bethânia - Balada de Gisberta
Música: Nana Caymmi - Boca a boca
Música: Rita de Cássia - Cama vazia
Música: Cérebro Eletrônico – Cama
Música: Marcelo Jeneci - Quarto de Dormir
Música: Dona Inah- Olha quem chega
Música: Marisa Monte - De noite na cama
Poema: Scarlet Moon - Amor, pois que é palavra essencial (Drummond)
Música: Bebel Giberto - Samba E Amor
Música: Roberto Carlos – Cama e mesa
Poema: Scarlet Moon - Sob o chuveiro amar (Drummond)
Vocês já conheceram os comentaristas do quadro 5 minutos nesse post aqui. Mas a partir desta semana teremos uma mudança no nosso time. Por motivos profissionais, o nosso comentarista de Teatro, Saulo Ribeiro,sai de cena e abre espaço para um outro nome da cena cultural capixaba: Moisés Nascimento.
Moisés Nascimento é graduado e Mestrando em Letras pela Ufes. Compositor, músico e professor de literatura. Atualmente é colaborador do Portal Yah! pelo blog www.portalyah.com/fragmentosnaribalta
fale com ele:moyseshoots@gmail.com
Seja muito bem vindo Moisés! Ele estreia amanhã, ao vivo, no Vice Verso, que começa a partir das 20h, na rádio Universitária FM 104,7.
A gente é constituído de tempo? O poeta Marcos Ramos capturou o coelho de Alice e acertou os ponteiros do relógio. O nosso comentarista de Literatura cita o escritor argentino Jorge Luis Borges para pensar sobre o tempo. O homem tenta defini-lo não é de hoje, mas e a Literatura, como o interpreta?
Quer pensar mais sobre o Tempo e a Literatura? Leia abaixo o texto de Marcos Ramos.
Sobre o Tempo, lembro, de imediato, um verso do Wilson Batista que diz “Meu mundo é hoje, não existe amanhã pra mim”. Paulinho da Viola, certa vez em uma entrevista, traduziu esse verso por “Meu tempo é hoje, eu não vivo no passado, o passado vive em mim.” Lembro também de uma canção gravada por uma das minhas cantoras preferidas, Nana Caymmi, que se chama “Resposta ao tempo”. É uma letra de Aldir Blanc. Vocês devem lembrar: “Batidas na porta da frente / é o tempo / Eu bebo um pouquinho / Prá ter argumento // Mas fico sem jeito / Calado, ele ri (...)”.
Uma canção belíssima.
Outra canção que trata de uma forma singular a questão do tempo é “Sinal Fechado”, do Paulinho da Viola, uma canção que marcou de uma forma especial a carreira desse compositor. E que diz muito de uma condição contemporânea, de um sujeito que conhecemos bem: “Olá, como vai? / Eu vou indo e você, tudo bem? / Tudo bem eu vou indo correndo/ Pegar meu lugar no futuro, e você? / Tudo bem, eu vou indo em busca / De um sono tranquilo, quem sabe ... / Quanto tempo... pois é... / Quanto tempo... / Me perdoe a pressa / É a alma dos nossos negócios / Oh! Não tem de quê / Eu também só ando a cem (...)”.
O Tempo é um desses temas universais como a morte ou o amor; toda literatura que se teve notícia falou em tempo. Todavia, parece agora curioso descobrir que a literatura, essa manifestação do Espírito que nos movimenta como poucas, sofre a falta de tempo.
Contrário ao senso comum, Clarice Lispector certa vez advertiu que criar é correr o grande risco de se ter a realidade. A afirmação parece controversa; pois, ao falarmos em literatura, não tratamos de ficção? Creio que subestimamos isso que chamamos, sem grande discernimento ou necessidade de definição, ficção. Na literatura, nos deparamos com o suspeito, o desconfortante, o escondido e, ao mesmo tempo, com o que há de mais familiar em nós mesmos.
A experiência literária se configura como um jogo de identificação e estranhamento que exige paciência. Em geral, quando a identificação é hegemônica, a literatura tende ao lugar comum; quando causa muito estranhamento, a literatura promove certo distanciamento. Se a identificação por vezes é harmoniosa e provoca certo fisgo, o encontro com o estranho é doloroso. O desconforto da proposição de novas estruturas de fala, de escrita, de pensamento (imagens, sintaxes, tatos, odores...), garante que ao nos depararmos com uma obra literária de alta qualidade o prazer não seja imediato.
Não o prazer da fácil assimilação a que estamos acostumados – das mídias, da mera comunicação. A literatura, nesse sentido, não é apaziguadora, ou puro deleite, como afirma uma crítica impressionista ou os desavisados, mas é desassossego, trabalho.
Nunca houve tanta literatura disponível e, paradoxalmente, nunca lemos tão pouco (ou lemos tão mal). O prazer, em literatura, exige trabalho e aprendizagem, exige TEMPO, sobretudo.
A literatura não é faz-de-conta; a leitura literária é a possibilidade de expansão da experiência do real – dos sentidos da realidade, do sentir o mundo com profundidade [parar, nesse sentido, retomando Clarice, é correr o risco de se ter a realidade]. Mas é preciso ter tempo para experimentar; é preciso abdicar de uma dispersão ingênua para criar tempo; criar tempo é disciplina (e disciplina, diferente do que aprendemos com os modernos, com os nazistas, industrialistas e com os maus pedagogos, é liberdade).
Creio que tanto Paulinho da Viola, Wilson Batista, Nana Caymmi como a história da literatura estão dizendo que é preciso ter tempo para experimentar o presente. É cada vez mais raro encontrar contemporâneos.
Marcos Ramos é editor da Água da Palavra – Revista de Literatura e Teorias, poeta e pesquisador.
Mais uma quarta-feira de tempo chuvoso na grande Vitória, uma boa oportunidade para escutar o Vice Verso e pensar no TEMPO: afinal, o que ele é? Seria uma grandeza física, um deus grego ou o lápis que inscreve marcas em nossa pele? Quando perguntado sobre isso, respondeu o filósofo Santo Agostinho: Se não me perguntarem, eu sei o que é. Se tiver de explicar para alguém, não sei. O problema é que o passado não está mais aqui, o futuro ainda não chegou e o presente voa tão rápido que parece não ter extensão alguma. Aliás, se o presente só surge para virar passado, não daria pra dizer que o tempo é uma caminhada rumo à não-existência?
No programa de hoje, não respondemos a essa pergunta, mas provocarmos mais interrogações e, claro, reflexão. Falando em reflexão, contamos com a participação do comentarista Marcos Ramos , fazendo um link entre o tema do programa e o escritor argentino Jorge Luís Borges. Coisa fina!
No bloco Boto Fé, uma dica imperdível para este feriado: o XI Encontro Regional dos Estudantes de Ciências Sociais (Região Sudeste) que acontecerá na Ufes entre os dias 21 e 24 de abril. O tema é provocador, “Aluga-se uma tradição: Novas Estratégias de Identidade e Poder”. Mais informações: http://erecs-se2011.blogspot.com.
Perdeu o Vice Verso? Dê uma passadinha no nosso portal e click em Podcast para escutá-lo.
Segue o som...
Poema: Viviane Mosé - Vida tempo
Música: Maria Bethânia - Oração ao tempo
Poema: Paulo Auntran – retrato (Cecília Meireles)
Música: Nana Caymmi - Resposta ao tempo
Música: Miguel Wisnik – Tempo sem tempo
Música: Chico Buarque – Tempo e artista
Música: Ney Matogrosso e Pedro Luís e a parede - Tempo afora