quinta-feira, 29 de maio de 2014

Cultura

Vitor Graize, Jamille Ghil, Karina Caetano e Daniel Morelo


No dia 28 de maio, o programa Vice Verso resistiu nas ondas do seu rádio com a  palavra poética Cultura.  Derivada do latim cultura, significava “ato de plantar  e desenvolver plantas, atividades agrícolas”, de colere, “cuidar de  plantas”. Mais tarde desenvolveu-se o sentido de “cultivar a mente, os  conhecimentos, a educação”.
Por que cultivar a mente? Por que é tão importante proteger e garantir a cultura? A fim de tratar dessa e de outras questões, conversamos com Vitor Graize - produtor audiovisual e consultor do MINC  para construção do Plano Municipal de Cultura - e Daniel Morelo, integrante do Assédio Coletivo e vocalista do Adiós Me Voy.

Trocamos ideia sobre políticas públicas voltadas para o desenvolvimento cultural no Espírito Santo, especialmente sobre o Plano Municipal de Cultura da cidade de Vitória, com direto a divulgação do telefone do prefeito Luciano Rezende! Quem quiser cobrar a mudança, só ligar (27) 999690910.  E, ainda, tivemos uma playlist  recheada de poemas e músicas da nossa terrinha.

O que rolou:
Gal Costa - Cultura e Civilização (Composição Gilberto Gil)
Paulo Sodré - Visitação
Pó de ser Emoriô - Sá Ladera
Fernanada tatagiba - Fôlego
Fê Paschoal - Carapaça 
Juliano Gauche - Amor do capeta
Zeff matieli - Janina e Benedito
Lekão - Trabalha e confia
André Prando - O verme ama

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Bernadette Lyra

No Vice Verso, ou melhor, no Prosa e Verso do dia 21 de maio recebemos Bernadette Lyra, um dos grandes nomes da literatura brasileira. O próprio sobrenome dela, Lyra, já remete à beleza da palavra unida à  música. Em uma conversa deliciosa e muito sensível, deixamos o feminino sair do seu lugar de silêncio e se fazer ouvir.

Bernadette Lyra, jamille Ghil, Claudia Murta e Karina Caetano
 
 BernadetteLyra nasceu em Conceição da Barra e escreve desde menina. Tem mais de 10 obras publicadas entre contos e romances e, recentemente, publicou a obra “A Capitoa”, uma narrativa  ficcional das aventuras de Luiza Grimaldi na capitania do Espírito Santo. 




No quadro 5 minutos, ouvimos a professora Claudia Murta falar sobre Entrecorpos, problematizando as dificuldades ao tratar do tema da Sexualidade e do próprio corpo.  


O que rolou:

Elis Regina – Aprendendo a jogar
Leitura do conto O Abandono, do livro Memórias das Ruínas de Creta -  Bernadette Lyra
Aneles e Serena Assumpção - Eva e Eu
Maria Bethânia – Mulheres do Brasil
Leitura de trecho da romance A Capitoa - Bernadette Lyra
Adriana Calcanhoto - Mulher sem razão
Pó de ser Emriô – A Urso

Infelizmente, o podcast deu pau a não conseguiremos publicá-lo. Isso nos obriga a entrevistar Bernadette Lyra outra vez! :D



Mar

No Vice Verso, do dia 14 de maio, trazemos como palavra poética O Mar. Conduzindo nossa jangada musical, homenageamos o centenário de Dorival Caymmi, poeta popular que tão bem viveu e cantou o nosso mar.  



E nosso comandante desta nau poética marinha é o poeta Danilo Barcelos que, recentemente, lançou o livro Tear de Ondas. Com uma musicalidade própria do movimento do mar, trazida pelos poemas de Danilo e pelo som de Caymmi, nossa conversa foi um vai e vem de beleza e leveza a partir do  Tear das Ondas.


No quadro 5 minutos, ouvimos o ciclista capixaba Rafael Darrouy, com seu comentário sobre Mobilidade Urbana e a questão da segurança pública no trânsito.


O que rolou:
Dorival Caymmi - O mar 
Poema: Tear de Ondas de Danilo Barcelos - 1° Movimento 
Milton Nascimento -  Pescaria - O Mar É Meu Chão
Dorival Caymmi  e Adriana Calcanhoto- Quem vem pra beira do mar 
Nana Caymmi - Morena do mar
Poema: Tear de Ondas de Danilo Barcelos - 3° Movimento
Dorival Caymmi - O bem do mar 
Gal Costa - O Vento
Todas as composições são de Dorival Caymmi.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Livro



No dia 07 de maio, a partir da palavra poética Livro, o programa Vice Verso  se inspirou na poesia de Mário Quintana: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” 

Para falar sobre a maior arma de Terrorismo Poético, os livros, convidamos Vitor Lopes, que bateu um papo com a gente sobre o projeto Biblioteca Estante Livre e a criação de uma nova relação entre os moradores do distrito de Burarama (Cachoeiro de Itapemirm/ES) e a mais nova integrante da praça: uma livre estante de livros. 

E ainda tivemos a presença do cantautor  Zeff Matieli que lançará, em junho, um belíssimo disco chamado Benedito Party. Por isso, nossa playlist foi recheada do que o ele mesmo denomina como Regional contemporâneo. No quadro 5 Minutos, o professor Dr. Orlando Lopez trocou uma ideia sobre economia criativa.

O que rolou:
Caetano Veloso - Livros
Zeff Matieli – Janaína e Benedito
Zeff Matieli – Três Dias
Fernando Pessoa por Jô Soares – Liberdade
Zeff Matieli – Benedito Party
Zeff Matieli – Quilariô 
Zeff Matieli - Valdivino

Inté

Economia criativa do golpe

No mês passado, o Prof. Dr. Orlando Lopes estreou no quadro 5 Minutos como comentarista de Economia criativa. A partir da palavra poética Golpe, ele criou um microensaio intitulado Economia criativa do golpe, que pode ser conferido logo abaixo. Caso você curta essa ideia, fique ligado no Vice Verso de hoje porque teremos mais 5 Minutos com ele. 

Prof. Dr. Orlando Lopes
A ECONOMIA CRIATIVA DO GOLPE
Nós tendemos hoje a pensar na Ditadura e no Golpe recuando até 50 anos, essa é a nossa perspectiva da coisa toda. Mas é bom sempre lembrar que o Golpe é produzido, é gerado por eventos, fatos que vão acontecendo antes, cinquenta anos, cem, duzentos. As ditaduras da América Latina, OS golpes, emergem num contexto que acumula muito diretamente a Guerra Fria, o Desenvolvimentismo, o Imperialismo e, claro, o Nacionalismo.
Se a gente tentar discutir o Golpe com o viés da economia criativa, pensando que isso é um exercício, um ensaio para tentar compreender de forma ampla esse fato da nossa história, a primeira coisa a fazer provavelmente será distanciar o olhar sobre as pessoas (que é uma coisa muito sensível hoje, particularmente neste ano, nestes cinquenta anos), e retomar aquele pensamento de que as guerras, e os golpes, são sempre movidos em direção à grana e ao poder político, que em algum momento se transforma na capacidade de produção da sociedade. Não foram somente as pessoas que foram violentadas, e nem a violência aconteceu no nível da agressão física.  Grupos, comportamentos,  instituições, valores foram sufocados e reprimidos.
Aliás, se a gente começa a colocar o Golpe em perspectiva histórica pra poder começar a discutir quais são as relações econômicas envolvidas, despersonalizando até onde for possível, o que é que aparece? A história frequentemente registra os golpes, o que evidencia a fragilidade dos sistemas de governo, ao mesmo tempo em que evidencia uma flutuação, uma disputa por grupos que vão emergindo. Acho que todo mundo que leu um pouco sobre dialética consegue perceber as sucessões, tantas vezes violentes, na disputa pelo poder. Nós é que somos as primeiras gerações que não consideram um Golpe uma coisa mais ou menos natural, um ritual que em algum momento pode fazer parte da vida.
Essa questão vai longe, mas voltemos para o viés econômico: guerras e golpes pretendem o controle das sociedades pelo controle de dispositivos políticos. No caso brasileiro, o militarismo do golpe sinaliza sempre uma relação com o projeto nacional. Tem a Segunda Guerra, tem a Guerra Fria, americanos e coisa e tal, mas o que cria a condição para tudo acontecer é o discurso do Nacionalismo. Esse é o argumento para unificar o País e a sociedade desde sua fundação, o argumento para organizar es estruturar a sociedade e prepará-la para seus necessários desafios históricos.
E aí vejam vocês que coisa curiosa: todo esse poder que se busca dominar quando se pretende dominar o País vem de onde, emana de onde? Dos bons e velhos símbolos nacionais. Símbolos, convenções que tentam sintetizar, resumir quem nós somos, para nós mesmos. As manifestações e as ondas de choque mais turbulentas estimuladas por outros eventos históricos, a onda das primaveras que afetou a nossa história e alimentou como referência os movimentos que estamos tendo no Brasil -- e que, lembremos, em algum momento cruzam o espírito nacional e as novas formas de mobilização e organização para o protesto… ou de um novo, o próximo, golpe.
(Aqui preciso fazer parênteses… Por mais que se tenha sempre que dizer que de boas intenções o inferno está cheio (e más, ninguém disse que não!), e que não dá pra ignorar como os militares ajudaram a criar uma cultura de violência, essa violência se acumulou e começou agora a produzir bolhas maiores e deslocadas dos pontos de origens demarcados no zoneamento da sociedade, em termos históricos e econômicos deve-se tentar entendê-los também como participantes da construção do projeto nacional, ou de um projeto nacional.)
Bom, o Nacionalismo, os símbolos nacionais que formam a base imaginária e ideológica da Ditadura como um todo, são produzidos e mobilizados a um custo, que vai desde a produção das campanhas publicitárias dos governos até o custeio de uma Constituinte e, não pensemos que é pouco, a criação de obras literárias como Iracema, no Romantismo e Macunaíma, no Modernismo. E isso pode nos levar a pensar: Qual, então, terá sido o efeito, o “custo” do Golpe sobre a capacidade de produção simbólica do País. É certo que precisamos destacar os efeitos negativos, pois assim como fez fisicamente com as pessoas, a Ditadura sufocou, sequestrou, assediou… a Cultura. Exatamente aquilo que faz o Brasil ser… O Brasil.
Mas, por um outro lado, lembremos aquela história: Golpes fazem parte das civilizações. Podem me chamar de fatalista, de realista… Golpes fazem parte, e é bom a gente aprender a perceber que eles estão “por aí”. E do mesmo modo, a Cultura, a Arte, não se faz somente como uma celebração de alegrias. A vida tem dores, e as dores produzem as suas belezas, algumas se tornam inestimáveis (estava aqui pensando em Guernica, do Picasso). Aliás, falando em espanhois, lembrei também do Carlos Saura, no cinema, que elaborou uma linguagem velada, alegórica… São famosas as histórias de como os artistas se tornavam muitas vezes engenhosos em cifrar mensagens em suas obras, de uma forma que a censura só conseguia perceber quando havia circulação pública. Por isso, é bom lembrar que, pensando somente no que significa para o nosso sistema cultural, o fato de a Ditadura ter pressionado, tensionado, adensado de alguma forma promoveu a sofisticação de estratégias expressivas e formas de codificação e decodificação, que vão das páginas de jornal aos códigos dos militantes e simpatizantes, e até aos guetos que, cada vez mais marcados, foram criando formas de expressão específicas em comunidades e grupos.
Voltando ao Golpe, uma das coisas complicadas pra nós é entender qual é, mais uma vez a partir da nossa perspectiva histórica, a forma de se contrapor “ao que vem por aí”. Haverá uma revolução num futuro próximo? Temos, ou estamos chegando a algum novo projeto revolucionário? As “novas” formas (novas pra nós) de produzir e distribuir riqueza mudam de alguma forma as alternativas para as próximas revoluções. São questões, são questões. A dificuldade talvez seja dizer o que é que é mesmo revolucionário no Brasil, já que por aqui tudo é sempre novidade, já-sendo ruína.
Se o próximo Golpe vier, de onde virá? Da situação, da oposição, dos incas venusianos. Não dá pra antecipar o futuro. O que vamos precisar é de sensibilidade para perceber argumentos razoáveis sobre como reorganizar e reestruturar a sociedade, coisa que só pode acontecer “de verdade” se houver a compreensão de que a transformação da sociedade (e da história) começa com a transformação - a revolução - do imaginário, da forma como somos capazes de imaginar o futuro, a sociedade, a economia, não para “jogar conversa fora” mas para reconstruir visões de mundo e uma crítica de como o poder é ocupado, exatamente durante e após os golpes. É isso.