Na Noite da Libertação Poética desta quarta, o Vice Verso
promoveu mais um daqueles encontros inusitados que acabam rendendo um bom
caldo! De um lado o carteiro poeta Adiel Silva Santos, do outro o músico & compositor
Zé Moreira. O que esses dois têm em comum além da poesia? Cada um, à sua
maneira, assumiu o papel de entregar ao
mundo mensagens vestidas de beleza e simplicidade. E já que entramos no clima
das cartas de amor, ainda demos uma forcinha pra um ouvinte apaixonado pela
namorada, mas você só saberá dos detalhes dessa declaração de amor escutando o
programa, né?
Ah!E claro, tivemos aqueles 5 minutos preciosos com a
comentarista Carolina Ruas, discutindo a circulação cinematográfica. (Ah!)² Marcos
Ramos, nosso comentarista de literatura contemporânea, também deu uma
passadinha por aqui pra falar do lançamento de seu primeiro livro de poemas,
intutulado Um corpo que se escreve Pedra.
Ufa! Programa recheado! Não escutou ou quer escutar novamente?
Seja qual for a resposta, basta ir ao www.programaviceverso.com.br,
clicar no link Podcast e apreciar sem moderação!
Segue a playlist:
Zé Moreira e Robertinho Silva – Rapsódia em andorinha
Ná Ozetti - Mensagem
João Cabral de Melo Neto - Psicologia da
composição
A última edição do 5 minutos veio com estreia. O nosso novo comentarista musical é o jornalista e radialista João Paulo Oleare, apresentador e produtor do Clube da Boa Música, ao ar toda terça-feira, às 20h, também na rádio Universitária FM 104.7. Em seu primeiro comentário, falou sobre a música "Marias", da rapper curitibana Karol Conká (foto); e associou os versos da canção ao que o professor de antropologia José Jorge de Carvalho denominou em um de seus ensaios de "racismo fenotípico".
Ouça:
O quadro 5 minutos vai ao ar toda quarta-feira, ao vivo, no Programa Vice Verso, a partir das 20h, na Rádio Universitária FM 104.7.
Ouça a música "Marias", de Karol Conká:
Para ler o texto "Racismo fenotípico e estéticas da segunda
pele", de José Jorge de Carvalho, clique aqui.
João Paulo Gomes Oleare é estudante de Jornalismo, radialista e pesquisador de música e cibercultura. Apresenta e produz o programa Clube da Boa Música, na Universitária FM 104.7.
“As Mães levantam as
fotos dos filhos e o dia treme
perto do mais longo instante e o horizonte
que sempre fez sonhadores e os amantes
fica coberto de camisas com vestígios de vida.”
Adriano Botelho de Vasconcelos
No mês
da consciência negra, o Programa Vice Verso não poderia deixar de celebrar a Mãe
África com muita música e poesia! Tivemos o prazer de receber em nossos estúdios
a Profª. Drª. Jurema Oliveira, uma grande estudiosa da literatura africana de
expressão portuguesa, falando sobre a poesia angolana, suas transgressões e
afirmações dentro de um contexto histórico marcado por muitos conflitos. Também
recebemos uma atração internacional, diretamente de Angola e do Programa
AfroDiáspora, o compositor Bill Lebens dando uma palhinha ao vivo. No quadro 5
minutos, a estreia de nosso novo comentarista de música João Paulo Oleare.
Perdeu o programa? Dê
uma passadinha no www.programaviceverso.com.br, clique em PodCast e aprecie sem moderação!
Nara Leão – Palmares
Arena Canta Zumbi - A
Mão Livre dos Negros
Criolo Doido – Cálice
Elza Soares – A carne
Elisa Lucinda -
Mulata exportação
Chico Buarque – Sinhá
Caetano Veloso e
Maria Bethânia – Navio Negreiro (Poema de Castro Alves)
O Teatro do Oprimido, criado pelo diretor, dramaturgo e ensaísta brasileiroAugusto Boal (foto), foi o tema do 5 minutos da última semana. O comentarista Moisés Nascimento fala sobre a proposta teórica dessa linguagem cênica, bem como seus pressupostos políticos e
estéticos.
Ouça:
O quadro 5 minutos é exibido toda quarta-feira, ao vivo,
dentro do Programa Vice Verso, de 20 as 21h, na rádio Universitária FM 104.7.
Ouça pelo site.
Moisés Nascimento faz seu comentário ao pé da letra:
Fundado pelo
diretor, dramaturgo, ensaísta e teatrólogo Augusto Boal, nos anos 1970, o Teatro
do Oprimido (TO) é fruto das experiências de vida (e opressão) que o seu fundador
vivenciou durante o seu tempo de exílio – de 1971 a 1986, ano em que volta para
o Rio de Janeiro e cria o Centro de Teatro do Oprimido, que já possui 25 anos de
militância cênica – e foi escrito a partir de experimentações reais nos países
por onde passou: Argentina (percorrendo vários países da América Latina),
Portugal e Paris.
Já bastante
evidente no nome, o Teatro do Oprimido busca pensar o teatro dentro do âmbito
político. Para Boal, “todo teatro é necessariamente político”, e os que
pretendem separá-lo da política, assim faz a partir de uma atitude de
despolitização – e, portanto, atitude política – a serviço dos interesses
dominantes. Colocando-se historicamente como pós-Brecht, o Teatro do Oprimido
busca destruir “todas as barreiras” cênicas criadas pelas classes dominantes,
construindo uma estética teatral cujo compromisso principal é o “apoio do
teatro à luta dos oprimidos”.
Como isso se dá?
Primeiramente, é quebrada a barreira que separa atores e espectadores. Todos
devem representar, todos devem encenar – este é o lema do Teatro do Oprimido.
Se o teatro contemporâneo, de certa forma, busca extinguir a ideia da “Quarta
Parede” – parede invisível, que separa o palco da plateia – na estética do
Oprimido, o público é convidado a intervir na cena, a ser parte do espetáculo,
a transformar a realidade. Outra barreira demolida pela TO é o total rompimento
com as hierarquias dramáticas que pensam o teatro dividido em protagonista,
antagonista, figurantes, personagem secundário, etc. No TO, todos devem ser, ao
mesmo tempo, protagonistas, figurantes; ou seja, uma total quebra dos
pressupostos cênicos em evidência desde as definições aristotélicas.
Atualmente, busca-se
pensar uma Estética do Oprimido, não mais limitada ao teatro, mas também
militando em outras vertentes estéticas, tais como a música, a poesia, a dança,
a literatura... Mas, tradicionalmente, o Teatro do Oprimido ficou conhecido a
partir de seis linguagens dramáticas (e políticas): o Teatro-Imagem, o
Teatro-Jornal, o Arco-Íris do Desejo,
o Teatro Fórum, o Teatro Invisível e o Teatro
Legislativo.
O Teatro-Imagem parte de uma definição da
arte como “busca de verdades através dos nossos aparelhos sensoriais”. O corpo,
as fisionomias, objetos, distâncias e cores são usados com o objetivo de romper
ao máximo o simbolismo que envolve o signo linguístico. A “palavra” não é
utilizada - não porque a neguem (pelo contrário, a reverenciam!), mas porque
ela “traz consigo a obliteração dos sentidos, a atrofia de outras percepções”.
O uso do corpo tem o intuito de ampliar a visão sinalética do espectador,
fazendo com que, por exemplo, a visão de um sorriso no rosto fale mais do que a
escrita, a palavra “sorriso”.
Já o Teatro-Jornal, criado no início dos anos
1970, no Teatro Arena, consiste em “doze técnicas de transformação de textos
jornalísticos em cenas teatrais”. A partir da combinação de Imagens e Palavras
dos textos de jornais, a encenação visa revelar como os periódicos se utilizam
das técnicas de ficção para ocultar, revelar e manipular a informação. O
intuito é desmistificar “a pretensa imparcialidade dos meios de comunicação”.
O Arco-Íris do Desejo é conhecido como
“Método Boal de Teatro e Terapia”, consiste num conjunto de técnicas
terapêuticas, segundo Boal “técnicas introspectivas” que, “usando Palavras e,
sobretudo, Imagens, permite a teatralização de opressões introjetadas”. O
objetivo é se valer do teatro em estudos de casos onde os opressores foram
internalizados, habitando a cabeça do oprimido. Uma das técnicas principais, O
Policial na Cabeça, “mostra que, se ele existe, de algum quartel veio”. Ou
seja, o problema, por mais interno que esteja, possui sempre uma raiz na vida
social que precisa ser diagnosticada e tratada.
O Teatro Fórum é a mais popular das
técnicas do TO. Conhecida pelo seu caráter democrático, a técnica Fórum tem uma
peculiaridade: os espectadores, chamados de Spect-atores, “são convidados a
entrar em cena, e, ao atuando teatralmente e não apenas usando a palavra,
revelar seus pensamentos, desejos e estratégias que podem sugerir, ao grupo ao
qual pertencem, um leque de alternativas possíveis por eles próprios
inventadas”. É nessa ambiência que Boal teoriza um dos lemas mais fortes do TO:
“o teatro deve ser um ensaio para a ação na vida real, e não um fim em si
mesmo”.
O Teatro Invísivel consiste em ações realizadas
teatralmente, mas que não são reveladas ao público, que, obviamente, não está
ciente da sua condição de espectador. O intuito é provocar a “interpenetração
da ficção na realidade e da realidade na ficção”. Como no Teatro Fórum, todos os que participam da cena podem intervir e
propor soluções. A diferença é o não anúncio do espetáculo, a não ciência da
população. E também não há um objetivo final linear esperado: os resultados da
invisibilidade falarão por si.
Por último, e
visivelmente permeado pelo cunho político-progressivo, o Teatro Legislativo é um conjunto de ações que misturam as técnicas
do Teatro Fórum e os rituais convencionais de uma Câmara ou Assembleia, “com o
objetivo de se chegar à formulação de Projetos de Lei coerentes e viáveis”. E o
caminho final da encenação é este mesmo: levar as demandas retiradas para as
Casas de Leis e exigir que os políticos de verdade acatem os pedidos da
população.
Como se vê,
Augusto Boal abomina a arte como algo meramente substancial, deleite e fruição
estética. A arte só tem importância no Teatro do Oprimido quando assume o papel
de agente de transformação social. Boal afirma: “Tenho sincero respeito por
aqueles artistas que dedicam suas vidas exclusivamente à sua arte – é seu
direito ou condição! – mas prefiro aqueles que dedicam sua arte à vida”.
Ou seja, o
teatro aqui, à semelhança do quadro soviético posterior aos primeiros anos da
revolução, é o de total engajamento. Assim falou Lênin a respeito da obra de
Tolstoi, e que, a meu ver, parece ser um lema de Augusto Boal: “se estamos
diante de um artista verdadeiramente grande, ele deve refletir, em suas obras,
ao menos alguns aspectos essenciais da revolução”.
E Boal não nega
isso. Dois meses antes do seu falecimento, na ocasião em que foi condecorado
Embaixador Mundial do Teatro pela UNESCO, Boal afirmou na sua mensagem:
“Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele
que vive em sociedade: é aquele que a transforma!”
É isso.
Pra saber mais
sobre o Teatro do Oprimido, clique aqui.
Moisés Nascimento é graduado e
Mestrando em Letras pela UFES. Compositor, músico e professor de literatura.
Atualmente é colaborador do Portal Yah! com do blog Fragmentos na Ribalta.
No Programa Vice Verso do dia 9 de novembro, o quadro 5 minutos trouxe o comentarista de Literatura Marcos Ramos para falar sobre o amor em um dos mais importantes livros da literatura brasileira. Escrito em 1956, "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa (foto), continua instigando pensamentos e reflexões. Ouça:
Marcos Ramos é editor da Água da Palavra – Revista de Literatura e Teorias, poeta e pesquisador.
No último dia 31 de outubro, Carlos Drummond de Andrade completaria 109 anos e nós não poderíamos deixar essa data passar batita. Nos nossos estúdios, recebemos nosso sócio maior, o doutorando Danilo Barcelos, para falar sobre o AMOR na obra de Drummond. No quadro 5 minutos, o comentarista de literatura contemporânea Marcos Ramos aproveitou o clima para tratar do AMOR na obra Grande Sertão: veredas, de João Guimarães Rosa.